Natal significa "nascimento".Que neste Natal façamos nascer coisas boas.

Ontem caíu um dente ao Martim. Já não devem faltar muitos. De repente dei por mim a pensar que cada dente que lhes caía era tão normal que nem me apercebi que um dia seria o último... E assim vão crescendo sem darmos conta, atarefados que andamos com "coisas muito mais importantes"...
Resolvi então dar muita importância a este dente que ele insistia em pôr debaixo do tapete para a Fada dos Dentes lhe deixar um euro em troca...
A Fada, ocupada que estava em corrigir testes, esqueceu-se da troca e o dente permanece debaixo do tapete... levá-lo-á talvez hoje para o reino dos dentes, lá, onde se fabrica o marfim...
Mas a questão é bem outra... é novamente o tempo que não pára. Teimoso e rápido demais. Leva os dentes de leite e com eles as crianças, para se fazerem Homens.
E por isso os dentes que faltam cair ao Martim serão mais valorizados. Desde o dia em que começarem a abanar, devagarinho, até estarem quase a cair... Que é para ver se o tempo não corre tão depressa e ainda vou a tempo de deixar os testes de lado e embalar os meus filhos...
Não sabia que era revolucionária. Contestatária sim, mas revolucionária não. Quando era pequena todos diziam que eu "era do contra" , mas nunca me senti "da revolução"...
Nunca "areei" o que quer que fosse... nem conhecia sequer tal palavra (assumo a ignorância...)
Alguém devia dizer à Senhora Ministra da Educação que a escravatura em Portugal foi abolida em 1869 (facto de que muito me orgulho, sendo portuguesa, uma vez ter sido dos primeiros países a decretar esse princípio nobre).

Na quinta do meu tio havia um cantinho onde eu inventava brincadeiras. Era pequena. E tinha sonhos grandes que nunca agarrei. Mas a mão forte de meu pai permanece na minha memória...quando me arrancava do lago dos girinos e me punha às cavalitas porque eu tinha medo das lagartixas... Ainda hoje tenho...rastejantes pequenos mas assustadores...
Ainda volto a lhe escrever. Uma vez mais. Ainda que parcas as palavras. Ainda que seja morto o som da noite do beijo... Podia pedir-lhe baixinho mais um dia... mas não pode mais meu coração olhar p'ra mim... E assim me despeço, minha poesia, sai do meu peito e semeia emoção noutro lugar... Canta alto e leve... ama por favor... sempre mais...
Tive um dia uma avó. Daquelas que têm caixas de bolachas, se vestem de preto, sabem tudo sobre as missas e escondem notas de escudos para distribuir pelos netos... Tive uma avó assim... que me mimava mais que tudo e me acordava com uma bolacha Maria nos lábios a dizer: "acorda, meu doce..."... Essa avó teve que ir para um lugar que eu não queria e vi-a partir sem nada poder fazer para a manter aqui... Hoje sei que continua comigo. Até hoje, 25 anos passados, continua pertinho... ainda me acorda de vez em quando e me deita nas noites mais difíceis. Sou muitas coisas por causa dela. E por causa dela também sei que o colo acaricia a alma, tal como o cheiro a limão do bolo que havia quando eu era menina...
Gostar de alguém... quando ficamos com aquele ar asmático, aparvalhado, como se de repente deixasse de haver vascularização cerebral... e estáticos afundamos no olhar de alguém... quando o infinito é aquela pessoa... quando acreditamos sempre... e tudo parece apenas uma diástole sem consequências... é bombear o que faz sentido... sístoles rítmicas ou arrítmicas mas perfeitas... gostar de alguém...
Li há pouco um qualquer texto sobre o "namorídeo"... expressão usada para aqueles que nem namoram nem deixam de o fazer... estas relações ditas modernas em que cada um tem a sua vida e se encontram quando não há mais nada interessante para se fazer...
Andava a evitar tocar no assunto que me consome, a (des)avaliação docente, mas é mais forte que eu... A pressão que este "modelo" exerce sobre nós, professores, obrigando-nos a assumir onus de realidades que nos transcendem, valorizando cargos em detrimento de competências científicas, técnicas e pedagógicas, incentivando reacções de melindre entre colegas e, baseando-se em documentos demagógicos que apenas visam o protagonismo de actores políticos (com vista a angariar militância junto de uma opinião pública alheia à verdadeira realidade escolar), ESTÁ A DAR CABO DE MIM!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
É assim o amor puro. Ama com febre, sem limites nem barreiras. Entrega-se incondicionalmente. Basta-se a si mesmo porque deseja apenas amar!Devia fundar-se uma associação em prol do amor puro. Como aquelas organizações ambientalistas que defendem os animais e protegem a Natureza.

De há tanto tempo caladas, estavam roucas as teclas do meu piano. Como vozes escondidas, silenciadas no peito.
Toquei-lhes ao de leve, quase com medo... responderam sorrindo, contando da saudade de se fazerem ouvir.
Então a casa ficou mais alegre e as crianças riram. Entoando com os olhos cantigas de amor...
A capacidade de entrega é uma qualidade que todas as pessoas têm mas nem todas conseguem usar. Conseguimos entregar-mo-nos de corpo e alma a um trabalho, a um projecto , a uma causa, mas não a uma pessoa. Entregamo-nos sem hesitar a algo, mas não a alguém... Se por um lado entendo, que a necessidade de nos protegermos da desilusão nos impeça, não entendo por outro, que o medo seja mais forte que tudo o resto.
Pai... este sítio onde à noite afogo a alma antes de dormir é o espaço que tenho para te falar, pois que não me ouves... a ti devo o amor, o real, o verdadeiro... o dos livros, dos filmes, acordado e a dormir... eras o "carro da gente" e isso queria dizer o colo, o colo que sempre senti a vida inteira... deixa-me dizer-te, ainda que não me oiças, que a marcha, "a não perder de vista", continua em teu nome... e que, para teu gáudio, tomei de novo o pulso da minha vida... sou os genes que me deixaste e para sempre "o riso depois da mágoa"... Obrigada, gargalhada azul...
Deus leva-nos o que nos é mais querido para que não o tomemos como certo.