quarta-feira, 29 de outubro de 2008


Antigamente o Professor era um mestre.

Levantavamo-nos das carteiras assim que ele entrava para lhe dar os bons-dias.

Depois acharam que isso reflectia um Estado de direita e que incutia idéias fascizantes na cabeça das crianças...

Hoje o Professor é um palhaço.

Os alunos continuam a levantar-se das carteiras, mas sempre que lhes apetece, por tudo e por nada, até para lhe bater...

As batas brancas que poupavam as roupas e mantinham democraticamente equidade entre os discentes, escondendo de igual forma marcas caras e debotados, desapareceram...

A noção enraizada de que aprender era necessário ao futuro de cada um, desapareceu...

O respeito a quem nos ensinava a aprender, também desapareceu...

Apareceram outras idéias...

E depois de reformas atrás de reformas surge agora a mais fascizante de todas, ainda que por incrível que pareça, seja fomentada por um partido dito de esquerda, democrático e liberal...

Agora o mestre de antigamente vive estrangulado, num regime burocrático e opressor, que viola de forma grosseira todas as regras a que o processo de ensino-aprendizagem deve obedecer.

E eu pergunto: até quando?...


Sou esta estrada que não acaba

engenho e luz a insubordinar a alma...

Sílaba a sílaba me descubro a cada dia

e quando já pensava saber tudo

eis que me celebro ao vento, inteiro e limpo,

como tu...


quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Será hereditária esta complacência? Terei herdado este sofrer calado?...
Queria agora que a minha citosina trocasse de par, para maiores serem as combinações e probabilidades...
Não aceito esse gene passivo que me atormenta. Agarro um outro, congénito ou não, que me levará a maiores conquistas...
E montada num cromossoma rebelde, sonho vitórias coroadas de paz, de riso e de esperança...


Na quinta do meu tio havia um cantinho onde eu inventava brincadeiras. Era pequena. E tinha sonhos grandes que nunca agarrei. Mas a mão forte de meu pai permanece na minha memória...quando me arrancava do lago dos girinos e me punha às cavalitas porque eu tinha medo das lagartixas... Ainda hoje tenho...rastejantes pequenos mas assustadores...

segunda-feira, 20 de outubro de 2008



Às vezes sinto-me "num cemitério de pianos"... Com TUDO à minha frente e sem poder fazer NADA...

Caio de exaustão, de joelhos sobre a areia quente, e peço-te colo...

sábado, 18 de outubro de 2008

Ainda volto a lhe escrever. Uma vez mais. Ainda que parcas as palavras. Ainda que seja morto o som da noite do beijo... Podia pedir-lhe baixinho mais um dia... mas não pode mais meu coração olhar p'ra mim... E assim me despeço, minha poesia, sai do meu peito e semeia emoção noutro lugar... Canta alto e leve... ama por favor... sempre mais...
É esta cinza que dói que hoje me embala. E eu sei que um amor só é grande se for triste (disseram-me)... mas não posso mais levar este barco...
É esta a nossa hora...
Saiam todos... nós somos muita coisa... mas não vamos falar sequer... apenas fazer um abraço apertado, fechar os olhos... e fingir que somos apenas papoilas ao vento a dançar...

sexta-feira, 17 de outubro de 2008



Hoje lembrei-me de coisas de infância. Coisas que não me lembrava há muito. O Miguel Frasquilho a tocar piano comigo na Academia e um livro que a minha mãe me lia de noite e que eu adorava: "O boneco Teófilo"...
E depois ri sozinha das duas lembranças... " Miguel Frasquilho e o boneco Teófilo"...

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Tive um dia uma avó. Daquelas que têm caixas de bolachas, se vestem de preto, sabem tudo sobre as missas e escondem notas de escudos para distribuir pelos netos... Tive uma avó assim... que me mimava mais que tudo e me acordava com uma bolacha Maria nos lábios a dizer: "acorda, meu doce..."... Essa avó teve que ir para um lugar que eu não queria e vi-a partir sem nada poder fazer para a manter aqui... Hoje sei que continua comigo. Até hoje, 25 anos passados, continua pertinho... ainda me acorda de vez em quando e me deita nas noites mais difíceis. Sou muitas coisas por causa dela. E por causa dela também sei que o colo acaricia a alma, tal como o cheiro a limão do bolo que havia quando eu era menina...



Gostar de alguém... quando ficamos com aquele ar asmático, aparvalhado, como se de repente deixasse de haver vascularização cerebral... e estáticos afundamos no olhar de alguém... quando o infinito é aquela pessoa... quando acreditamos sempre... e tudo parece apenas uma diástole sem consequências... é bombear o que faz sentido... sístoles rítmicas ou arrítmicas mas perfeitas... gostar de alguém...

domingo, 12 de outubro de 2008

Li há pouco um qualquer texto sobre o "namorídeo"... expressão usada para aqueles que nem namoram nem deixam de o fazer... estas relações ditas modernas em que cada um tem a sua vida e se encontram quando não há mais nada interessante para se fazer...
Peço desculpa por ser do tempo em que se chegava a casa e era bom o cheiro aconchegante do jantar e igualmente boa a conversa à mesa, partilha entre pais, irmãos e filhos, mas mais importante que tudo, entre gente que se amava e efectivamente NAMORAVA...
Namorar é afagar o outro, entregar-se e fazer o pino para lhe roubar um sorriso...
Cresci a ver o "namoro" dos meus pais e a querer namorar assim...

sábado, 11 de outubro de 2008



- SAWABONA!

- SHIKOBA...

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Andava a evitar tocar no assunto que me consome, a (des)avaliação docente, mas é mais forte que eu... A pressão que este "modelo" exerce sobre nós, professores, obrigando-nos a assumir onus de realidades que nos transcendem, valorizando cargos em detrimento de competências científicas, técnicas e pedagógicas, incentivando reacções de melindre entre colegas e, baseando-se em documentos demagógicos que apenas visam o protagonismo de actores políticos (com vista a angariar militância junto de uma opinião pública alheia à verdadeira realidade escolar), ESTÁ A DAR CABO DE MIM!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
O que se passa não é mais que uma estratégia de interiorização de obediência, levando os professores, por natureza cumpridores, a uma servidão cega (já no "Admirável Mundo Novo" se falava algo do género... robotizar mentes, fabricar mão de obra, dominar, esmagar, etc etc etc...).
Vejo-me hoje num sítio que não é o meu. A Escola existe como veículo de Ensinar, Formar e Educar, e não como meio burocratizante que demite os professores daquilo a que se propuseram e dedicaram incondicionalmente ao longo da suas carreiras até hoje.
É URGENTE parar! E que pela primeira vez, na história da carreira docente se ouçam a vozes dos professores dizerem: NÃO FAÇO!!!!!!!!!!!!!!!!!

quinta-feira, 2 de outubro de 2008



Os anos colam-se à pele ,

indeléveis,

únicos e nossos...