terça-feira, 31 de agosto de 2010

Ando a ler um livro fabuloso. Numa das muitas excelentes passagens descobri esta: "...Se há coisa que não tolero é a mentira, a falsidade e a hipocrisia. Os mentirosos vestem-se de coloridas roupas, como as penas de um pavão em plena corte. Ludibriam perigosamente a sua presa que, cega, se entrega e rende acreditando...".
O meu pai é o meu mestre. Dele herdei o sentido da justiça e da honestidade. Por isso quando li esta passagem me apeteceu escrever sobre ela. Porque mais perigosos que os assassinos, são os mentirosos, que nos assassinam a alma.
E no entanto, eu sigo acreditando. Acredito sempre. Continuo a ter fé no Ser Humano. Por muitos "assassinos de almas" que eu já tenha encontrado no meu caminho, continuo a acreditar.
Lembro-me de o meu pai me dizer que eu era transparente e para eu ser sempre eu. E por isso me faz tanta confusão quem o não é.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A dor é sempre uma lição.
Sopro ainda o primeiro crepúsculo, mas sei que estou viva e cresço para mim.
O cheiro tímido do amanhã entra-me já pela janela.
E sei que te levarei comigo, mas não voltarei atrás.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A última vez que falei contigo foi na terça-feira passada.
Estavas cheia de esperança e força. Disse-te que estava contente por ti.
Hoje não sei o que sinto.
Estou contente por teres parado de sofrer, mas triste por teres partido.
Porque a morte é uma dor horrível para os vivos.
E só me apetece dizer o que digo ao meu pai todos os dias: "TU NÃO ESTÁS MORTO COISA NENHUMA!"
Tentar arranjar força e sentido para tudo isto versus sentir na pele a dor intensa da perda, não é fácil.
Se por um lado, passar por todas estas perdas fez com que eu passasse a relativizar as coisas, por outro fez-me também seguramente mais fragilizada.
Passei a viver com o medo da perda. Não sei se aguentarei mais alguma.
Tento com muita força pensar que, do outro lado, outra vida recomeça.
E a ti, deixo a minha sentida homenagem, pela força, coragem e assombrosa Fé com que lutaste estes seis anos.
Venceste-o, Teresa, foste tu que o venceste.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Estou farta de perder pessoas...

Primeiro foi a minha avó. No auge da minha adolescência não entendi que a sua vida se tinha cumprido e a dor fez com que passasse a andar com os bolsos cheios de Valium's para atenuar a angústia de a ver partir. Chorei muito.
Depois foi o meu primo. De um dia para o outro. Num dia estava cá e no dia seguinte já não estava. Aos 33 anos, tal como Cristo, foi crucificado, mas por um fulminante enfarte. Também não entendi a sua partida tão jovem e andei meses a ligar-lhe para o telemóvel apenas para lhe ouvir a voz no atendedor de chamadas. Chorei muito.
Mais tarde foi a minha tia. Em seis meses um cancro assassino roubou-lhe a vida que ela tanto amava. Cuidei dela como se fosse minha mãe. Todos os dias. No dia em que foi embora deu-me um beijo. Como se soubesse de antemão que já não mais me veria. Chorei muito. E às vezes ainda choro.
O ano passado foi o meu pai. O meu grande e adorado pai. Apesar de dez anos de uma doença venenosa e cruel, foi (é) muito difícil encaixar a idéia de já não o ouvir rir nem poder abraçá-lo junto a mim. Tem sido um ano complicado a tentar interiorizar que onde quer que ele esteja está seguramente melhor. Choro (ainda) muito.
E ontem foi uma amiga de sempre. Depois de seis anos de uma luta em que considero ter sido vencedora, partiu abruptamente, deixando-nos uma lição de vida e de coragem. Conheci-a há muitos anos, éramos duas adolescentes. E continuámos amigas neste caminho desde então. Acompanhámo-nos sempre. Nas fases boas e nas fases más. E apesar de saber que um dia este dia havia de chegar, e apesar de saber que a partida dela é um alívio no seu sofrimento, não tenho palavras para exprimir o vazio que sinto. Adeus, Teresa! Até um dia! Choro muito.

sábado, 7 de agosto de 2010

Com o coração em carne viva e a saudade em chama...
De coração nas mãos em frente ao mar...