segunda-feira, 29 de março de 2010

No calendário cristão esta é uma época de reflexão e reconciliação consigo e com o próximo.
Ninguém nos conhece melhor que nós mesmos.
Ninguém sabe melhor cada defeito e cada qualidade.
No entanto, existem sempre pessoas que vivem para apontar o dedo e acusar o outro, muitas vezes daquilo que eles próprios escondem, projectando assim as suas mágoas/angústias/segredos/dúvidas (etc)...
É mais fácil julgar o outro apontando-lhe o dedo do que olhar no espelho e reconhecer em nós o que deve ser mudado. Porque mudar custa tanto ou mais que assumir uma falha.
Esquecemo-nos constantemente que as palavras que proferimos, embora o vento as leve, passam primeiro pelo outro deixando marcas.
Esquecemo-nos constantemente de tudo menos de nós próprios...
Não quero ser melhor que ninguém, apenas que eu própria... um bocadinho todos os dias...

sexta-feira, 26 de março de 2010

Voa, meu beija-flor, voa hoje um pouco mais longe...
Entoa o teu canto miúdo de asas ao vento abertas.
E volta ainda mais colorido, se possível breve,
ao ninho que chora já a tua ausência...
Mas voa, pássaro de fogo,
e escreve nos ares a tua melodia de menino encantado
que me faz sorrir...
Promete-me porém que serás tímido nos vôos a pique,
já que não estarei lá para te amparar a queda...
Se bem que ouvirás sempre no peito
a minha canção de embalar...

quinta-feira, 25 de março de 2010

Deixaram-se ver, as primeiras papoilas, sem ser Verão ainda...
Olhei-as devagar, como que a levá-las à boca,
numa carícia terna de pétalas de veludo que se fazem mãos...
As tuas...
Assim a fazer lembrar um campo de girassóis quando ainda era eu a tua morada...

sexta-feira, 19 de março de 2010



Escrevo-te mais uma vez, pai.
Gosto de pensar nas brincadeiras que fazíamos.
Gosto de lembrar o teu sorriso, sempre.
Gosto de pensar que um dia estarás lá, à minha espera.
Os teus dias são todos. Não apenas hoje.
Desculpa. Sei que não gostas de me ver chorar.
Beijo à esquimó...

terça-feira, 16 de março de 2010

Não percebo como o amor se torna ódio. Nunca percebi.
Como é que pessoas que se tocaram tão dentro, inflamando coloridas bandeiras com cheiro a sal do mar, se passam a odiar com olhares viscerais fétidos de sangue?
Serão os sentimentos humanos um continuum de cores qual espectro de luz?
Eu não odeio ninguém que tenha amado. Prefiro o mar!

sexta-feira, 5 de março de 2010


Existe um livro onde te escrevo.
Palavras carregadas de momentos.
Nenhuma cumpre, nenhuma encerra aquilo que és.
Nem sei porque te escrevo se não há palavras que te digam.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Haverá algo melhor que afectos pendurados nas lâmpadas de um velho lustre?
Caindo como pendentes espalhando carinho na sala...
Risos embriagados de doces palavras...
Mãos que se dão, olhares que se trocam...
Trovas de amores diversos que a noite guarda...
É isso a Vida, afinal!
A dança dos poemas que calamos.