quinta-feira, 22 de maio de 2008


Hoje a minha mãe dormiu com o meu pai. Tirou-o da cama de grades que o protege dele próprio e deitou-o na grande cama onde ambos se protegeram mutuamente a vida toda. Ela estava muito feliz... ele... jamais saberemos o que sentiu...

Dói-me o seu olhar vago, outrora onírico e raiado de uma luz colorida. Dói-me o seu silêncio. Dói-me a impotência de não o poder resgatar e trazê-lo para mim. Agarrar-lhe de novo a mão segura e pedir-lhe que nunca mais me largasse...

5 comentários:

fernando neves disse...

É espantoso como consegues verbalizar algo tão pessoal e interior, duma realidade confusa pela impotencia de ajudar alguem que já partiu e olha o seu corpo a aguardar o tiro de partida para um novo começo.

fernando neves disse...

Numca é facil aceitar a perda, quanda ela ainda está presente tudo se mistura numa saudade do presente ou o desejo de um futuro para viver com saudade da memória de uma vida que já não é uma mas tantas que prende para além da sua que já não é vivida.

Maguetas disse...

O avô é um homem completo, que nos norteou a vida toda com o seu sorriso fácil e honesto, as suas pequenas partidas risonhas, o seu cavalheirismo inato, e o seu amor incondicional pela mulher que escolheu como sua! É a essas lembranças, que nos deixam um travo doce no peito, que temos que nos agarrar...

Fátima Pais disse...

sublime este amor...

Anónimo disse...

Mantenho a imagem do olhar de doçura entre ambos e mantenho o calor de me terem adoptado como mais um membro da familia campos....