quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Andava a evitar tocar no assunto que me consome, a (des)avaliação docente, mas é mais forte que eu... A pressão que este "modelo" exerce sobre nós, professores, obrigando-nos a assumir onus de realidades que nos transcendem, valorizando cargos em detrimento de competências científicas, técnicas e pedagógicas, incentivando reacções de melindre entre colegas e, baseando-se em documentos demagógicos que apenas visam o protagonismo de actores políticos (com vista a angariar militância junto de uma opinião pública alheia à verdadeira realidade escolar), ESTÁ A DAR CABO DE MIM!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
O que se passa não é mais que uma estratégia de interiorização de obediência, levando os professores, por natureza cumpridores, a uma servidão cega (já no "Admirável Mundo Novo" se falava algo do género... robotizar mentes, fabricar mão de obra, dominar, esmagar, etc etc etc...).
Vejo-me hoje num sítio que não é o meu. A Escola existe como veículo de Ensinar, Formar e Educar, e não como meio burocratizante que demite os professores daquilo a que se propuseram e dedicaram incondicionalmente ao longo da suas carreiras até hoje.
É URGENTE parar! E que pela primeira vez, na história da carreira docente se ouçam a vozes dos professores dizerem: NÃO FAÇO!!!!!!!!!!!!!!!!!

6 comentários:

Maguetas disse...

Apesar de a minha profissão não ser a de professor (muito embora me esteja no sangue a paixão da Educação Ambiental, à qual gostava muito de me dedicar...), vivo rodeada, a nível familiar, dessa realidade... Por isso só gostaria de deixar aqui o meu apoio à "vossa" causa (que afinal acaba por ser uma causa de todos, já que se trata de Educação...), para que saibam que esta luta toca mais do que só a classe dos educadores...

Alcides disse...

A ministra da Educação quer terminar o mandato com a (utópica) consciência de dever cumprido, quando na verdade tem andado a varrer para baixo do tapete. Força.

Anónimo disse...

Como te disse, tive hoje uma reunião de Departamento para análise dos objectivos pessoais, prazos, grelhas e afins. Duas horas e meis de palavras sem sentido, onde os próprios colegas avaliadores admitiram não estar de acordo com este sistema de avaliação. Mas aceitaram...
Não me revejo nesta nova Escola. Um local de ensino tem que ser TAMBÉM um local de afectos; uma Escola não pode ser uma empresa, mas se pretendem que o seja, então que criem mecanismos eficazes de avaliação.
Exijo ser avaliada diariamente. É urgente que todos saibam, que a nota de um professor sairá da observação de 3 aulas de noventa minutos cada. Ora o ano lectivo teve início a 15 de Setembro e terminará a 19 de junho. Onde fica a avaliação dos 9 meses de trabalho???...


Ainda bem que nos revoltamos com as mesmas coisas.
Não é por acaso que somos "irmãs do coração".
Beijinhosss

Anónimo disse...

" Vejo-me hoje num sítio que não é o meu".
Por isso despi a bata!!!
Que pena os PAIS não meditarem sobre o que escreves...embora tarde talvez ainda fosse possive!
Bjs

Maria Manuel Guerreiro disse...

Uma escola pode ser uma 'empresa' naquilo que se prende com um determinado modelo de gestão, pois isso não obsta, em minha humilde opinião, necessariamente, à desmoralização dos seus funcionários. O que é preocupante aqui (que não sou prof. mas sim solidária e atenta às preocupações de quem o é) são as constantes politicas erráticas do Ministério da Educação (durante décadas) e a consequente degradação de todo um sistema educacional quer em termos de resultados quer de eficácia de funcionamento. A questão da 'avaliação' é apenas mais uma dessas políticas dispersas do contexto real. Além disso reflecte uma total e soberba surdez do ministério (gov.)relativamente àqueles que melhor do que ninguém conhecem a realidade escolar, os professores.
Por isso contra os 'bretões' marchar, marchar;)

Anónimo disse...

Cara Vocas
Recebi este E-mail e, por o achar interessante, passo a transcrevê-lo:
Já que muitos jornalistas e comentadores defendem e compreendem o
modelo proposto para a avaliação dos docentes, estranho que, por
analogia, não o apliquem a outras profissões (médicos, enfermeiros,
juízes, etc.).

Se é suposto compreenderem o que está em causa e as virtualidades
deste modelo, vamos imaginar a sua aplicação a uma outra profissão, os
médicos.

A carreira seria dividida em duas:

Médico titular (a que apenas um terço dos profissionais poderia
aspirar) e Médico.

A avaliação seria feita pelos pares e pelo director de serviços.
Assim, o médico titular teria de assistir a três sessões de consultas,
por ano, dos seus subordinados, verificar o diagnóstico, tratamento e
prescrição de todos os pacientes observados. Avaliaria também um
portefólio com o registo de todos os doentes a cargo do médico a
avaliar, com todos os planos de acção, tratamentos e respectiva
análise relativa aos pacientes.

O médico teria de estabelecer, anualmente os seus objectivos: doentes
a tratar, a curar, etc.
A morte de qualquer paciente, ainda que por razões alheias à acção
médica, seria penalizadora para o clínico, bem como todos os casos de
insucesso na cura, ainda que grande parte dos doentes sofresse de
doença incurável, ou terminal. Seriam avaliados da mesma forma todos
os clínicos, quer a sua especialidade fosse oncologia, nefrologia ou
cirurgia estética...

Poder-se-ia estabelecer a analogia completa, mas penso que os nossos
'especialistas' na área da educação não terão dificuldade em levar o
exercício até ao fim.

A questão é saber se consideram aceitável o modelo?

Caso a resposta seja afirmativa, então porque não aplicar o mesmo, tão virtuoso, a todas as profissões?

Abraço
Francisco Arruda